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BNDES quer ser pioneiro na adoção das novas regras

Contabilidade: Banco pretende liderar movimento de órgãos públicos em direção à harmonização internacional e envia funcionários para treinar no exterior

Fonte: Valor EconômicoTags: contabilidade

Nelson Niero

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) apoia "com entusiasmo" as normas internacionais de contabilidade e pretende ser pioneiro entre os órgãos públicos na adoção do novo padrão.

"O BNDES se associa aos esforços do Conselho Federal de Contabilidade e das instituições internacionais em favor da introdução do sistema IFRS [normas internacionais de informações financeiras, na sigla em inglês]", disse ontem Luciano Coutinho, presidente do banco, em evento realizado em São Paulo.

Coutinho participou da "3ª Conferência Anual sobre Contabilidade e Responsabilidade para o Crescimento Econômico Regional na América Latina e Caribe (CReCER)", onde falou sobre a parceria do setor público e privado para sustentar o crescimento.

Segundo Coutinho, o banco "tem se engajado nessa questão [da contabilidade], mandamos gente para treinar no exterior", afirmou. "Queremos contribuir para a adoção de padrões de contabilidade de excelência", disse. "Queremos a implantação do IFRS de uma maneira que o próprio BNDES seja um exemplo."

Coutinho lembrou que a adoção do novo padrão, capitaneada pelo Conselho de Normas Internacionais de Contabilidade (Iasb, na sigla em inglês), com sede em Londres, é uma tendência mundial. "É um sistema baseado não em regras, mas em conceitos, ética e fidedignidade", afirmou. É por isso, disse, o esforço pela implantação do IFRS no Brasil, o que aumentará a confiança dos investidores no mercado de capitais do país.

"A minha presença [na conferência] em grande medida está relacionado ao empenho que empregamos na adoção das normas."

A processo de adoção do IFRS no Brasil começou em 2008 para as empresas com ações em bolsa e de grande porte. A previsão é que esteja concluído no fim de 2010.

Coutinho informou ontem que os desembolsos do BNDES somaram R$ 123,6 bilhões nos últimos 12 meses até agosto. No intervalo de um ano até julho, as liberações tinham sido de R$ 121,9 bilhões.

No evento, Coutinho citou ainda um estudo recente do banco que mostra que, passado o pior da crise, os projetos de investimento estão sendo retomados.

Segundo esse levantamento, em agosto de 2008 as empresas que atuam no país planejavam investimentos de R$ 781 bilhões no período de 2009 a 2012, volume que tombou para R$ 688 bilhões em dezembro passado, auge da turbulência financeira. Em agosto deste ano, com a melhora da confiança das empresas, o total de investimentos previstos se recuperou para R$ 731 bilhões.

Na visão de Coutinho, até o fim deste ano o volume de investimentos planejados deve empatar ou passar o total previsto em agosto de 2008. Essa recuperação, segundo ele, está sendo puxada pelos setores de energia e infraestrutura.

Sobre a elevação da nota de crédito do Brasil para grau de investimento pela Moody´s, o presidente do BNDES considerou que o movimento talvez tenha sido "tardio", mas que coroa a percepção vigente no mundo de que o risco do Brasil é menor em comparação com o de outro

 

Empresas públicas e de pequeno porte são prioridade

A adoção das normas internacionais de contabilidade por pequenas e médias empresas e pelo setor público é o próximo passo no movimento apoiado por organizações como o Banco Mundial em direção a um sistema global unificado de informações financeiras e governança.

Enquanto companhias de capital aberto em mais de cem países já adotaram ou estão em vias de adotar as chamadas normas internacionais de informações financeiras (IFRS, na sigla em inglês), as pequenas e médias ainda têm um longo caminho pela frente.

Empecilhos como custo elevado e complexidade são muitas vezes intransponíveis para empresas menores, que acabam alijadas de um processo que nos próximos anos deve, segundo a previsão de seus mentores, envolver um número cada vez maior de países, incluindo os Estados Unidos.

"Há cerca de 50 mil empresas listadas em bolsa no mundo", diz Jan Engstrom, membro do Conselho de Normas Internacionais de Contabilidade (Iasb, na sigla em inglês), o "think tank" da nova contabilidade. "Em contrapartida, são milhões de pequenas e médias que estão fora do processo."

Recentemente, o Iasb publicou uma versão das normas paras as pequenas e médias, com cerca de 200 páginas. A versão para a bolsa tem 2,3 mil páginas. "Um pouco demais", reconhece.

Engstrom, que fala português e se define como "o único sueco que mora em Londres e tem uma casa de veraneio em Curitiba", disse que o esforço feito por ele e seus colegas de tornar as normas mais acessíveis para pequenas e médias acabou ajudando também no processo de simplificação das regras para instrumentos financeiros, um pedido dos governos nos Estados Unidos e Europa depois da crise.

"Atualmente, há 22 opções de classificação de um instrumento financeiro", afirmou. "Com o novo pronunciamento, serão apenas duas." Ainda assim, disse, "o bicho é feio", referindo-se às 500 páginas do documento.

Engstrom participou pela manhã da abertura da "3ª Conferência Anual sobre Contabilidade e Responsabilidade para o Crescimento Econômico Regional na América Latina e Caribe (CReCER)", promovido pelo Banco Mundial, Federação Internacional dos Contadores (Ifac, na sigla em inglês) e Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

No setor público, a situação é ainda pior. Já há normas específicas, em convergência com o IFRS, mas a adoção delas está muito longe. "Penso em algo como dez anos", diz o inglês Michael Hathorn, presidente do Conselho Gestor das Normas Internacionais de Contabilidade do Setor Público. Mesmo assim, ele ressaltou a importância desse processo com números do mercado de capitais. "O volume de emissões de títulos de governo é muito maior do que de empresas privadas", exemplifica. "Por isso, é essencial termos um balanço consolidado dos governos."

Robert Bunting, presidente do Ifac, afirmou que a entidade decidiu no fim 2008, em resposta à crise, atuar mais fortemente para influenciar os governos e as agências reguladoras em defesa da adoção de normas globais únicas de informação financeira, auditoria e governança. "Tivemos resultados muito positivos nas discussões com representantes de reguladores dos mercados financeiros."